

O que será, que será… da publicidade com metaverso?
Parafraseando Chico Buarque, o que será, que será… da publicidade e do publicitário com metaverso? O futuro de um mundo distópico ou não parece estar mais perto do que imaginamos, não é? Aliás, isto tem acontecido desde 2021, quando o Facebook anunciou mudanças drásticas em sua marca, posicionamento e investimentos na casa dos US$ 150 bilhões para criação de um ambiente virtual que replique uma realidade ao menos paralela. Mas não foi só o Facebook que entrou nessa do metaverso.
Recentemente, a BMW também embarcou pra dentro da “matrix” e fez um merchandising pra lá de futurista mostrando seu novo carro mudando de cor, em tempo real, na CES 2022, maior feira de eletroeletrônicos realizada em Las Vegas. Outra experiência de consumo fantástica será a possibilidade de fazer compras no metaverso. O Walmart já mostrou, na mesma Feira, que isto será possível.
Consumidores ávidos pela nova tecnologia não irão faltar no Brasil. Pesquisa da Kantar Ibope Media apontou que 90% dos usuários de ambientes virtuais gostam de descobrir novos aplicativos. Portanto, o metaverso prova-se como uma ótima oportunidade para as marcas desenvolverem suas campanhas, anúncios e novas experiências de consumo.
É nesse universo ainda em construção que os publicitários terão de se reinventar. Mas, mesmo na teoria e nas previsões, como isto se dará?
Como será o papel da publicidade no metaverso?
O publicitário do futuro também vai ter que estar mais do que imerso nos novos hábitos de consumo no mundo on-line. O marketing digital, seguindo as tendências apresentadas nas últimas feiras, precisa estar alinhado com as campanhas offline. A tendência agora é que a comunicação seja omnichannel.
Luiza Antoniolli, head de digital da Blues Idea (Foto divulgação)
Segundo a head de digital da agência Blues Idea Luiza Antoniolli,
o metaverso afetará diretamente o marketing digital, porque a grande tendência desse novo comportamento alinhado à tecnologia é que a maneira de fazer negócios e consumo irão mudar. Os canais de compra serão outros e a estratégia de como converter esse usuário vai ter de ser repensada. Além disto, o grande desafio será, mais uma vez, fazer com que as experiências de compra sejam atrativas no on e no off”, afirma.
Luiza aponta que essa tecnologia no Brasil ainda vai levar um tempo pra decolar, por conta dos altos investimentos e de todos os estudos que ainda precisam ser feitos e testados. Mas faz uma aposta de que o metaverso poderá ser uma revolução para o mundo do agronegócio, por exemplo.
Já vemos também o mundo agro se movimentar. Com realidade aumentada de lavouras e eventos. Hoje, não precisamos estar presentes em feiras e coisas do gênero. Empresas têm levado essa experiência para o dia-a-dia do agricultor, tudo on-line”, completa.
E as transformações não param por aí. O e-commerce, que tem visto um crescimento exponencial com a pandemia, também sofrerá impactos.
No mundo do e-commerce, a tendência é que tudo terá seu próprio valor dentro do metaverso. Já existem lojas que permitem ao consumidor experimentar roupas, óculos e outros acessórios nos sites. Então, a tendência é que as empresas promovam cada vez mais essa experiência ao usuário, antes que ele efetue a compra”, projeta a head de digital.
Apesar de todas as previsões, Luiza adianta que será preciso que a publicidade repense de que forma serão criados os anúncios com a chegada do metaverso.
Quem serão os consumidores desse universo paralelo? Como eles irão agir? Quais serão suas preferências? Porque a tendência é que o hábito de consumo seja completamente inusitado e diferente do mundo real”, finaliza.
De olho no usuário!
Todas as respostas das questões acima sobre o comportamento do usuário/consumidor ainda são uma incógnita. Na análise do sócio-diretor da Blues Idea Gustavo Melo, no início, o usuário terá que ter uma conexão de internet e hardware bem potentes, em relação ao que existe no mercado, sendo que o metaverso irá utilizar recursos como realidade virtual, realidade aumentada e dispositivos ainda desconhecidos e que estão em desenvolvimento. Mas, na visão dele, com o avanço rápido da tecnologia, todos terão acesso de forma mais democrática ao metaverso.
Gustavo Melo, sócio-diretor da Blues Idea (Foto divulgação)
E após isto é que temos que ficar de olho, principalmente nas relações pessoais, de consumo, lazer, de estudo, de trabalho, pois tudo irá se transformar. Poderemos ir a shows, a ginásios, estádios e teremos a visão como se estivéssemos fisicamente no lugar, poderemos experimentar roupas nas lojas estando na sala de casa, estar em um camarote de um show só que no sofá da sala. Tudo mudará: experiência do usuário, economia, política, tudo! Poderá ser um pouco assustador para gerações antes dos illenials, mas para as seguintes, qualquer nova tecnologia será super bem aceita. Enfim, realmente é muito além da internet que conhecemos hoje”, define Melo.
E de olho nos apps de avatares!
Além de estar atento ao novo consumidor e como as redes sociais irão atuar, o publicitário do futuro vai ter que aprender a como criar estratégias e campanhas, e para ter um spoiler do que pode vir por aí, temos um grande exemplo no ano de 2021, que foram os aplicativos de avatares. Para Luiza,
o crescimento desses apps foi a grande tendência em 2021. O Litmatch (app de avatar), por exemplo, saltou de 3 milhões, no último trimestre de 2020, para 16 milhões de downloads, de outubro a dezembro de 2021. Portanto, este é um nicho que ainda vai ser muito explorado e precisamos ficar em alerta”, pontua.
Já nas redes sociais, as gigantes do segmento, Facebook e Twitter, já estão em pé de guerra por supremacia, mesmo antes do metaverso ser uma realidade mais concreta.
Em notícias, já foi estampado que Jack Dorsey, CEO do Twitter, meio que insinuou que os planos de Mark Zuckerberg são distópicos. Enfim, sempre vai existir alguma rixa entre eles, mas, no final, a tendência é que todos façam parte desse novo universo, sejam as marcas ou profissionais. Afinal, quem não fizer pode ser esquecido, mas isto vai demorar alguns anos ainda”, prevê Luiza.